Precisamos falar sobre isso com acolhimento, informação e caminhos de cuidado. Pesquisas têm apontado risco aumentado de sobrecarga emocional, depressão e ansiedade em pessoas autistas e, especialmente, em mães que assumem o cuidado cotidiano. As causas são multifatoriais: rotinas intensas, pouco tempo para si, isolamento social, preocupações com o futuro e falta de suporte estruturado. Reconhecer esses fatores não é alarmismo; é conscientização para prevenir e cuidar.
Por que Setembro Amarelo importa no TEA
Setembro Amarelo é um convite para falar de acolhimento, prevenção e olhar com atenção para a saúde mental no contexto do TEA. No cotidiano, mães atípicas costumam concentrar responsabilidades, reorganizar a vida profissional e pessoal e lidar com incertezas, o que a literatura associa a maior estresse, sintomas ansiosos e depressivos. Fortalecer rotinas claras, comunicação acessível e uma rede de apoio com escola, clínica e comunidade reduz estresse e melhora o bem-estar de toda a família.
O que a ciência aponta
- Mães de pessoas autistas: revisões de literatura e estudos observacionais mostram maior carga de cuidado e piores indicadores de saúde mental quando comparadas a outras populações de mães/cuidadores, com sintomas depressivos e ansiosos mais frequentes. Fatores citados: sobrecarga de tarefas, baixa divisão de responsabilidade, perda de rede social, dificuldades de acesso a serviços e medo do futuro. Políticas públicas e apoio contínuo são apontados como protetores.
- Adultos autistas: estudos indicam maior risco de sofrimento psíquico e ideação suicida quando comparados a não autistas; temas como camuflagem social e falta de suporte pós-diagnóstico aparecem associados a pior desfecho. Isso reforça a importância de ambientes compreensivos e suporte adequado.
Em resumo: há evidência crescente de sobrecarga emocional em mães cuidadoras e maior vulnerabilidade em pessoas autistas; rede de apoio e acesso a cuidado fazem diferença nos resultados.
Fatores que aumentam a sobrecarga emocional
- Demandas constantes do cuidado e falta de tempo para si;
- Isolamento social e preocupações com o futuro;
- Sobrecarga sensorial e mudanças inesperadas no cotidiano;
- Camuflagem social (esforço de “parecer típico”), especialmente em adolescentes e adultos;
- Barreiras de comunicação e pouco suporte na escola, no trabalho ou em casa.
Reconhecer esses pontos ajuda a planejar apoios e reduzir riscos de adoecimento emocional.
Sinais de atenção (crianças, adolescentes e adultos com Autismo nível 1)
Observe mudanças persistentes por semanas, como: sono e apetite irregulares; mais isolamento ou irritabilidade; menor interesse por temas favoritos; frases do tipo “tá difícil”, “tô cansado(a) de tudo”.
O que ajuda: rotina visual + estratégias de regulação sensorial; planos simples de pedir ajuda; escola alinhada ao plano terapêutico.
Para as mães atípicas: cuidado, rede e voz ativa
- Cuidar de você é força. Busque psicoterapia, grupos de mães e psicoeducação; faça micro-pausas e divida tarefas quando possível.
- Ative sua rede de cuidado: alinhe rotinas com escola e equipe terapêutica.
- Acesso público: no Brasil, a RAPS/CAPS integra a rede do SUS para cuidado em saúde mental; em qualquer momento, o CVV 188 oferece escuta 24h (telefone, chat e e-mail).
- Voz coletiva importa: junte-se a outras mães para defender políticas públicas de suporte psicológico, social e institucional contínuo às famílias. Essas políticas melhoram a qualidade de vida das mães e favorecem a inclusão social de pessoas autistas.
Como o IPR ajudas mães atípicas e pacientes
No Instituto Paulinho Reis, trabalhamos em rede com famílias e escolas para proporcionar apoio completo no cuidado: integração entre terapias, comunicação com a escola, orientação de rotinas e acolhimento às mães atípicas. Se algo te preocupa, procure ajuda cedo, nossa equipe está aqui por você. 💛