Dia do Abraço: E Quando o Abraço Não Vem com os Braços?

Por Andreia Alves – Diretora Executiva

Dizem por aí que pessoas autistas não gostam de abraço. Mas será que essa é uma verdade absoluta? Na prática, o que chamamos de “não gostar” muitas vezes reflete uma forma diferente de perceber o mundo, de reagir aos estímulos e de se proteger do excesso de informações sensoriais — uma característica muito comum em indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Esse é um corpo que fala de outra maneira — e merece ser escutado com respeito e empatia. No Instituto Paulinho Reis, valorizamos essa comunicação não verbal e oferecemos abordagens personalizadas que respeitam as diferenças sensoriais de cada indivíduo.

Existem autistas que gostam de abraços, sim, enquanto outros preferem não receber esse tipo de contato físico. Alguns abraçam com intensidade, outros de maneira delicada. Há ainda aqueles que precisam de tempo, confiança e previsibilidade para se sentirem seguros o suficiente para aceitar o toque.

Mas uma coisa é comum a todos — como a qualquer ser humano — a necessidade de afeto, conexão e pertencimento. O abraço pode assumir muitas formas além do toque físico: pode ser um olhar que transmite segurança, um objeto de apego que traz conforto, uma rotina previsível que acalma, uma música que acolhe, ou simplesmente a presença silenciosa e constante de alguém que ama e está presente para o que der e vier.

Mesmo diante da resistência ao toque, especialmente após um trabalho focado em questões sensoriais como a integração sensorial, nunca devemos desistir de oferecer carinho. O amor verdadeiro não impõe sua forma; ele se adapta, respeita e encontra novos caminhos. Para conhecer mais sobre como trabalhamos essas questões no Instituto, visite nossa página sobre Integração Sensorial.

Não podemos esquecer também que as famílias — pais e mães — precisam ser abraçadas. Eles carregam no colo, nos braços e no coração, muitas vezes em silêncio, suas dores, medos e esperanças. É fundamental que esses cuidadores recebam gestos de cuidado, olhares compreensivos e palavras acolhedoras que tragam força para sua jornada.

Quer saber mais sobre o apoio que oferecemos às famílias? Conheça nosso programa de Acolhimento e Suporte Familiar.

Que possamos abraçar as diferenças e transmitir o calor do afeto, mesmo quando os braços não se estendem, mas sempre com o coração cheio de amor e respeito. Os abraços mais profundos podem não ter forma física, mas têm presença e amor que transcendem e transformam.

Para aprender mais sobre o desenvolvimento afetivo e emocional no espectro autista, confira também nossos conteúdos sobre Terapia ABA e Psicologia Clínica.

Feliz Dia do Abraço!